domingo, 31 de julho de 2011

Livros: "O Fazedor de Velhos" - Rodrigo Lacerda

O Fazedor de Velhos
A Vida
O Fazedor de Velhos não é o tipo de livro viciante com ideias loucas. É uma obra que nos falará sobre nosso dia a dia e sobre problemas casuais da vida. Rodrigo Lacerda me conquistou com seu jeito pacato de ver a vida. O livro possui apenas 136 deliciosas páginas e foi editado pela Cosac Naify.
Pedro é um jovem que, como muitos outros da sua idade, está com dificuldade para escolher seu curso superior. Pensava que queria ser historiador, mas não se mostrou compatível o suficiente com seus colegas no curso de história. Mas, se não servia para ser historiador, o que seria, então? Quando a incerteza surgiu em sua cabeça, procurou um velho homem que talvez pudesse o ajudar. Esse velho, Nabuco, com seu jeito estranho e peculiar iria mudar sua vida para sempre.
Foi muito interessante ver a habilidade do escritor de entender os sentimentos humanos. O livro fala muito sobre isso. Afinal, em que trabalho um menino que só gosta de livros e sorvete pode exercer? Que tipo de contribuição ao mundo pode dar cada tipo de pessoa? Será que nós nos conhecemos o suficiente para saber que tipo de contribuição se encaixa no nosso tipo de pessoa? E, se não nos conhecemos o suficiente, quem conhece?
São perguntas como essas que vocês farão ao ler a obra de Lacerda. Além disso, passarão a ver a vida de uma forma muito menos complicada, ao experimentar da simplicidade do autor. Pelo menos, eu passei a ver.
Apenas um detalhe não me agrada no romance: Pedro é muito sem senso crítico, chega a ser irritante em alguns momentos. E ele é apegado demais ao seu jeito de ser, como se não pudesse mudar nunca. Claro que foi interessante conhecer junto com ele sobre a personalidade das pessoas, mas o autor pareceu ignorar o fato de que as pessoas mudam.
Fora isso, recomendo muito o livro, muito pacato e gostoso de ler.

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domingo, 24 de julho de 2011

Livros: "Tão Ontem" - Scott Westerfeld

Tão Ontem
Tão verdade   
Confesso que não dava nada por esse livro, depois do que o autor, Scott Westerfeld, fez com o último livro de sua trilogia "Feios". Pensava, por essa trilogia, que Westerfeld fosse apenas inteligente, mas um escritor qualquer. Todavia ele me surpreendeu e muito com "Tão Ontem". As 316 páginas editadas pela Record são geniais, me fizeram enxergar um mundo oculto por trás do consumo. Tudo o que o autor disse é verdade, e assustador.
    O livro começa bem sem graça e até um pouco fútil. Parece um livrinho que fala sobre moda e pronto. Hunter é um Caçador de Tendências que vê a necessidade de exercer seu trabalho quando vê Jen, uma Inovadora com cadarços de tênis diferentes propíncios a virarem modinha. Os dois acabam se tornando amigos e se envolvendo na busca da chefe desaparecida de Hunter. Mas a partir daí a história deixa de ser bobinha, quando, ao desenrolar da busca pela tal chefe, ficamos conhecendo o mundo das tendências que explicam tudo o que aconteceu através dos séculos na história da humanidade.
    Scott tem a mania genial de catalogar o mundo em tipos de pessoas. Nessa história isso fica claro com a super inteligente pirâmide de consumo. Nessa pirâmide, o escritor divide as pessoas em Inovadoras, Criadoras de Moda, Primeiras compradoras, Consumidoras e Retardatárias. E o grupo curinga dos "Arruaceiros", como ficamos sabendo mais tarde. Só lendo para entender. Mas a questão é que no final da obra você vai estar se perguntando "De que grupo eu sou?" e "Como interágio com as tendências?". Essa questão de "moda" parece boba, mas, como o autor mostrou muito bem, explica a maioria dos acontecimentos da história.
    Além de toda essa genialidade Scott mostrou sua habilidade para escrever. Depois de ler a série "Feios", que é toda em terceira pessoa, fiquei supresa ao descobrir como ele é capaz de escrever muito bem na primeira pessoa. Senti Hunter na escrita enquanto lia. O autor conseguiu criar muito bem sua personalidade e fazê-la influenciar no jeito como o texto é narrado.
    E, diga-se de passagem, o romance entre Hunter e Jen é tão fofinho! Tão realista e por isso mesmo muito fofo!
    Só para não idolatrar demais o Scott Westerfeld, tem horas que a narrativa fica muito lenta e cansativa, enquanto noutras a narrativa é superenvolvente. Ficou meio desigual essa característica no enredo. Além disso é uma obra um pouco confusa. Em parte pois a complexidade do que o autor estava falando era muito grande, então você demora a entender.
    Em suma, é um livro super recomendado a quem aguenta um banho de verdades sobre o mundo de doer a cabeça.

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sábado, 23 de julho de 2011

livros: "Perdida" - Clarissa Rissi

Perdida
Versão Tupiniquim de Crepúsculo
     Era bom demais para ser verdade. Um livro que trata do choque da realidade do século XXI com a do século XIX. E o melhor, se passa no Brasil. Mas é decepcionante. A autora Carina Rissi conseguiu levar o curioso enredo de "Perdida" para o lado romântico-SUPERmeloso. Tive a impressão de que sairia mel das 472 páginas se espremesse, de tão melado que era o livro. Gente, sou a favor de romance, mas aquilo não existe!
      A história começa bem. Uma jovem adulta do nosso século é, para variar, viciada em tecnologia. Sofia possui uma típica vida de uma pessoa do nosso século: corrida e tecnológica. Além disso, ela não acredita em casamentos e amores eternos. Até que, ao ir comprar um novo celular, é atendida por uma vendedora um tanto misteriosa, que a promete dar o que ela mais precisa. Quando Sofia vai testar o celular novo, acaba sendo jogada no século retrasado por ele.
      No começo, o choque de realidades é bem engraçado e interessante, Rissi soube explorar muito bem isso, a pricípio. Imaginem o desespero de Sofia em descobrir que, a apenas dois séculos atrás, não havia banheiro. Nem remédio para enjoo. Nem calcinhas. Nem condicionador. Estava tudo muito divertido, até a história começar a desandar.
      As diferenças de mundos param por aí. Coisas práticas do dia-a-dia diferentes. Não há nada de conflitos de valores, o que significa que Sofia não se manifestou sobre as mulheres não poderem trabalhar (algo que ela costumava a fazer muito no nosso século), sobre o absurdo da escravidão no Brasil (o que, apropósito, a autora resolveu fingir que não existia nesse país), ou sobre o fato de uma mulher ter de viver para o casamento (atitude a qual Sofia reprovava). Tudo isso para manter um tom idealizado e fantástico à narrativa.
      Como se não bastasse, a personalidade da protagonista oscila (ou melhor, se inverte) quando se apaixona por Ian, homem o qual a acolheu. Ela começa a acreditar em amor eterno e em todas as coisas nas quais nunca acreditou anteriormete, tudo de uma hora para a outra.
      E que romance idealizado! Meloso! Aquele Ian não existe! Aliás, ele me lembra muito outro personagem de uma certa saga vampiresca. Vejam bem: gentil, simpático, educado, obsecadamente apaixonado por uma mulher que não é do seu tempo e não pode compartilhar a mesma vida que ele. Estão reconhecendo? A deiferença é que, em "Crepúsculo", a autora soube explorar a diferença de séculos que separava os personagens, com conflitos entre valores do nosso tempo e valores passados. Carina Rissi não soube fazer isso em "Perdida". Ela quis idealizar isso também, sem conflitos. O resultado foi a história mais idealizada e enxarcada de mel que já li.
      No fim, Rissi deu um jeito de transformar essa história supostamente interessante em um conto de fadas absurdo. Tudo baseado numa coisa de destino e pré-destinação não esperada para esse tipo de livro. Me desculpe quem gosta, mas não gosto muito disso de destino. E não achei um livro bem trabalhado. Mas valeu a pena ter lido só para descobrir como as pessoas viviam antigamente.

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Vida: Carta de um peofessor brasileiro

Querido aluno,

Gostaria de lhe dizer a importância em estudar química, biologia ou gramática. É muito simples. Você precisa passar no vestibular. Eu quero lhe ensinar essas matérias pois, passando no vestibular, você vai ter tudo aquilo que sempre sonhou. Se você passar, vai entrar na faculdade, se formar e ter um emprego. Ter um emprego vai lhe dar dinheiro e te permitir ter uma vida confortável, que é o que você sempre sonhou. Está vendo? Essa tal de física "inútil" vai te ajudar e muito! Vai te dar uma vida confortável.
E você já é bem grandinho para conseguir estudar essas coisas difíceis. Não precisa mais se preocupar com aquela educação banal: aquela da pré-escola que ensina apenas valores, como não tirar vantagem do coleguinha, ser um bom amigo, não agredir (nem verbalmente), não contar mentiras, atravessar na faixa e esperar o sinal ficar vermelho, ser honesto, não colar, não furar fila. Você não precisa mais disso. Tenho certeza de que isso você já aprendeu e que segue esses ensinamentos até hoje. Não. Agora você precisa é aprender física. Para passar no vestibular e ter uma vida confortável. Pois é só isso o que importa! Uma vida confortável! Depois de alcançar esse objetivo, você pode até esquecer o que aprendeu na escola, querido aluno. Pode esquecer de toda a química, gramática ou física. Pode se esquecer até da educação banal sobre valores da pré-escola, para dizer a verdade. Afinal, você já vai ter a vida ideal, a confortável. Aí concordo com você no fato de que não vai mais precisar da biologia, nem como nenhum aprendizado. O aprendizado é que se dane! Você já terá sua boa vida mesmo! 
Tudo o que lhe peço é que estude essa tal de biologia só até ter seu nome na lista de aprovados do terceiro ano.
Estou dizendo tudo isso, aluno meu, pois lhe desejo o melhor. Quero muito que você realize todos os seus sonhos de conforto e pretendo lhe dar as armas para conseguir isso. Mesmo que isso signifique ter de lhe ensinar matérias chatas e selecionar o estudo apenas do que vai ser necessário para o seu futuro aconchegante. Mas será tudo para o seu bem, meu querido. Gosto muito de você.

Para sempre atenciosamente,    

Professor